MP investiga venda de terreno público para dona de casa suspeita de fraude em hospitais
Mulher, que comprou imóvel para construir hotel de R$ 10 milhões em Castilho, também é investigada em ação que apura fraudes em licitações na Santa Casa de Fernandópolis
Aline Galcino - Hojemais Araçatuba
21/07/20 às 19h45
Projeto do hotel que está em construção (Foto: Divulgação)
A Promotoria de Justiça de Andradina (SP) instaurou inquérito para investigar a venda de um terreno da Prefeitura de Castilho (SP) para a construção de um hotel, com investimento previsto de R$ 10 milhões. Há suspeita de que o terreno tenha sido vendido por valor muito abaixo do mercado.
O imóvel, localizado na avenida Adinaldo Rodrigues Medeiros, foi adquirido por Sônia Maria Valareto, que está entre os investigados por supostas fraudes em licitações praticadas na Santa Casa de Fernandópolis, que é administrada pela OSS (Organização Social de Saúde) Santa de Andradina. O processo corre em segredo de Justiça.
A venda do terreno em área nobre de Castilho também passou a ser investigada pela Promotoria, após denúncia de que o imóvel foi avaliado e vendido por preço abaixo do praticado pelo mercado.
A licitação para a venda do terreno foi aberta no ano passado e o contrato entre Sônia e a Prefeitura de Castilho foi assinado em 11 de fevereiro deste ano. Conforme o documento, a compradora pagou R$ 230.072,78 pelo terreno de 2.515,15 metros quadrados.
Conforme a denúncia que gerou o inquérito civil, o imóvel foi avaliado por R$ 98.166,30, o correspondente a R$ 30,03 o metro quadrado.
Por essa avaliação, um terreno de 10 x 20 metros ou 200 metros quadrados sairia pela bagatela de R$ 7.806,00. No entanto, no município não existe terreno nessa mesma medida por menos de R$ 50 mil.
Prefeita de Castilho, Fátima Nascimento, visita canteiro de obras do Novotel Terrassa (Foto: Divulgação)
Dona de casa
Também consta no contrato que Sônia é do lar, mora em Buritama e deve construir um prédio comercial no local com área mínima de 2 mil metros quadrados no prazo de dez meses, contados da assinatura do contrato. O investimento exigido é de R$ 10 milhões, com geração de 50 empregos diretos.
A construção está em andamento e no local está sendo erguido o Novotel Terrassa Castilho. O projeto prevê 70 suítes em duas torres com térreo mais três andares, elevador panorâmico, restaurante, academia e área de lazer com piscinas aberta ao público em geral, não apenas para os hóspedes.
As obras tiveram início de março e a entrega está prevista para dezembro deste ano.
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Inquérito policial
Conforme informações obtidas pela reportagem do Hojemais Araçatuba, no inquérito policial que apura supostos crimes nas Santas Casas de Andradina e Fernandópolis, Sonia também é citada na investigação, por meio da empresa Sonia Maria Valareto ME.
Essa empresa seria uma das utilizadas nas fraudes em licitações no hospital. Sonia Maria Valareto é o nome da madrasta de um dos sócios de outra empresa com sede em Araçatuba, que sucedeu a Sonia Maria Valareto ME. Esse empresário estava entre os presos na operação Hígia, ocorrida em fevereiro deste ano, que investiga fraudes na Santa Casa de Fernandópolis. Ele era membro da administração do hospital.
Conforme a investigação, ele e outros integrantes da diretoria passaram a substituir empresas de informática pelas abertas por eles, em aparente fraude em procedimentos licitatórios.
Em outro trecho de relatório do inquérito, novamente aparece o nome de Sônia Valareto em documentos que mostram ligação dela com a empresa de Araçatuba investigada.
A empresa Sonia Maria Valareto ME também aparece como um dos prestadores de serviços da Santa Casa de Fernandópolis, em 2017, com fornecimento de serviços de software.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato de Sonia. No endereço informado no contrato com a Prefeitura de Castilho, pelo Google, aparece um imóvel aparentemente simples, no Centro de Buritama.
O Hojemais Araçatuba tentou contato com a empresa de Araçatuba, para saber se há ligação com o nome de Sônia, porém os telefones disponíveis no site da empresa não atenderam.
A reportagem também mandou e-mail para a Prefeitura de Castilho, por meio da assessoria de imprensa, e aguarda retorno.
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